Livro Luxuoso x Livro Eletrônico – Mas, e o simplesmente livro?
Aqui nos Estados Unidos, livros impressos estão se tornando artigos de luxo. Edições especiais, não apenas de capa dura, mas em caixas lindas, são exibidas em pontos de prestígio nas livrarias que ainda seguem abertas. Como eu adoro uma livraria, faço questão de comprar cópias impressas dos meus autores favoritos, sabe, aqueles que a gente sabe que vai reler. Porém, há aqueles que consideram livros impressos, que não sejam elevados à categoria de obra de arte visual, uma perda de tempo, e principalmente de dinheiro.
O jornalista Daniel D’Addario da revista americana Salon está entre muitos que pensam assim. Em um artigo recente ele destaca a importancia de livros criados por mestres em artes visuais, e questiona o valor de se comprar um livro impresso, que seja simplesmente baseado em palavras, dizendo: “Se um livro não é envolvente e extremamente visual, qual a validade de se comprar uma cópia em papel?”
Assim, de supetão, seu argumento desconsidera o valor da experiência do toque, e dos rituais de leitura desenvolvidos em séculos de relacionamento entre nós humanos e o papel. O cheiro do livro novo, o folhear das páginas, as visitas a um bom sebo de livros, ou a uma livraria bem surtida, o marcador de páginas, o barulhinho gostoso das páginas sendo viradas lentamente, conforme a gente vai terminando o último parágrafo e já quer saber o que vem pela frente. Claro que eu aprecio um livro com arte impecável, mas não preciso ter uma edição ultra sofisticada nas mãos para desfrutar do prazer que segurar um livro impresso me proporciona, ou da prosa bem escrita.
Possuo um Kindle, que considero extremamente conveniente, principalmente quando não vou ler em casa; como quando vou encarar espera no dentista, ou na aula de ballet das crianças, ou quando viajo, e não quero carregar grandes volumes. Tenho cópias digitais em abundância, mas não acredito que uma tecnologia anule a outra. Os próprios engenheiros de software responsáveis pelas plataformas que nos oferecem os livros digitais já descobriram que nossa relação com os livros tem uma carga emocional inegável, e como o próprio D’Addario coloca em seu artigo: “O formato digital, que tinha originalmente prometido todo o tipo de funcionalidade está agora bastante contido, semelhante a um livro real. Adeus comentários públicos sobre livros, elementos multimídia, e links. Olá, possibilidade de cópias digitais autografadas pelos autores, emulando a primeira edição assinada de outrora.”
Nós leitores não estamos interessados em ilustrações pulando no meio das página, ou botões eletrônicos com links, ou qualquer tipo de alegoria que interfira com nossa imersão na estória, o que desejamos são palavras que nos transportem para outra dimensão, a da nossa imaginação. Palavras que nos tirem das nossas realidades de contas a pagar, de horários a cumprir, do transito das seis da tarde. Como leitores, queremos nos sentir em comunhão com nossos autores favoritos através de suas palavras. E queremos poder dizer: “Comprei a cópia autografada.”
Sem contar que o livro físico não fica sem bateria bem quando você chegou naquela parte mais emocionante da estória, e está no meio de um aeroporto, e longe de uma tomada.
Lembrete: Comprar recarregador portátil para o Kindle.
Leia aqui a tradução do artigo de A’Dattario na íntegra, ou clique no link abaixo para o artigo original em inglês: Domingo, 29 de Dezembro de 2013 O ano em que o livro se transformou em objeto de luxo Este mês, o The New York Times informou que os recursos exclusivos para e-books , em grande parte tinha sido abandonados. O formato digital, que tinha originalmente prometido todo o tipo de funcionalidade está agora bastante contido, semelhante a um livro real. Adeus comentários públicos sobre livros, elementos multimídia e links. Olá possibilidade de cópias digitais autografadas pelos autores, emulando a primeira edição assinada de outrora. Como os livros digitais estão se despindo para parecerem cada vez mais com os livros “de verdade”, os livros físicos, de verdade, estão ficando cada vez mais suntuosos e fetichistas. Embora informalmente, capas de livros parecem estar constantemente melhorando em qualidade estética. No fim de 2013 os produtores de TV e cinema J. J. Abrams e Doug Dorst lançaram “S”, um livro cheio de cartões inseridos que promete uma experiência multimídia imersiva, e em 2012 o cartoonista americano Chris Ware lançou “Construindo Estórias”, uma caixa contendo 14 volumes discretos que podem ser lidos em qualquer ordem, que a revista Times elegeu um dos dez melhores livros de ficção do ano. Mas esses exemplos dos últimos dois anos indicam um caminho a seguir para o livro impresso – como um objeto de luxo. Pois as margens, digo as financeiras, para livros digitais são muito mais amplas do que para livros impressos – eles são muito, muito mais baratos para se produzir do que livros físicos, e sumariamente custam menos – não há nenhuma razão convincente, para qualquer pessoa com um leitor eletrônico gastar mais dinheiro com uma cópia em papel de um livro que não seja o prazer estético. E, claro , o prazer estético é o que os livros tem de melhor. Mas a época em que as editoras podiam restringir significativamente a venda de seus livros em canais digitais se acabou. Se recusar a vender um livro on-line, a despeito de quão menores são os lucros vendendo através da Amazon do que em lojas físicas, significa manter-se fora de um fluxo de receita que acabará indo para livros de editoras concorrentes. E cada vez mais os consumidores, acostumados a ler em telas, estão usando leitores eletrônicos, e menos lojas físicas existem para vender livros em primeiro lugar. Se um livro não é envolvente e extremamente visual, qual a validade de se comprar uma cópia em papel? |
Falta de tempo livre está prejudicando os hábitos de leitura das crianças
Um novo estudo realizado no Reino Unido entitulado “A Leitura e O Mundo Digital”, patrocinado pela editora Egmont, mostra que crianças a partir de oito anos de idade estão se desligando do hábito da leitura por falta de tempo livre, e pela facilidade de acesso a acessórios digitais, que são oferecidos cada vez mais cedo às crianças.
A pesquisa da Egmont descobriu que o crescimento no uso de computadores, tablets, celulares e jogos eletrônicos pelas crianças, está coincidindo com o declínio na leitura por lazer, para deveres de casa, e até nas escolas, e por consequência as crianças estão deixando de gostar de ler.
Alison David, diretor de percepção do consumidor para a Egmont do Reino Unido, disse que: “As crianças parecem ter cada vez menos tempo livre tranquilo – quando elas tradicionalmente pegariam um livro para ler – enquanto os equipamentos digitais estão a disposição delas desde muito cedo.”
Uma pesquisa feita pela Bowker (Compreendendo o Consumidor de Livros Infantis na Era Digital) indica que a transição de livros para as plataformas digitais ocorre entre as idades de sete e oito anos, com os novos padrões se solidificando por volta dos onze anos.
A pesquisa da Egmont que está acompanhando doze famílias em quatro regiões distintas do Reino Unido, observou que os pais dão um passo para trás uma vez que seus filhos começam a ler relativamente bem, o que geralmente acontece entre sete e oito anos, acreditando que as crianças seguirão sozinhas com a leitura até se tornarem leitores independentes. Mas, Alison David acrescenta: “Este recuo dos pais está ocorrendo num estágio chave do desenvolvimento das crianças, quando o mundo digital se torna mais atraente, quando os amigos estão se tornando cada vez mais relevantes, e ter e fazer as mesmas coisas, tais como: participar de redes sociais e jogos, e trocar mensagens de texto, tornam-se importantes para a afirmação social. E é nessa idade vulnerável para o progresso da leitura, que os pais estão soltando as mãos de seus filhos.”
Além disso, enquanto muitos editores visualizam livros-digitais como uma ferramenta natural para as crianças digitalmente imersas, a pesquisa descobriu que os pais, insatisfeitos com o “tempo na frente do computador”, que seus filhos estão gastando, são surpreendentemente relutantes em deixá-los ler livros-digitais. Cerca de 34% dos pais dizem que as crianças já passam muito tempo olhando para as telas, e 74% dizem que preferem que seus filhos leiam livros tradicionais.
O relatório conclui: “Sabendo disto, não é surpreendente que as vendas de livros-digitais não estejam decolando conforme o esperado: em 2012 três milhões de livros-digitais foram vendidos, contra 73 milhões de livros impressos. Com 50% das famílias possuindo pelo menos um dispositivo do tipo tablet, a oportunidade para as crianças lerem eletronicamente existe, mas o hábito de leitura de livros-digitais ainda está em sua infância.”
Apesar desses dados o mercado segue otimista: “As crianças, e muitos pais, estão entusiasmados com as possibilidades que as novas tecnologias trazem para a leitura; como a personalização de livros, o compartilhamento de recomendações pela Internet, e interações inovadoras com as estórias. Sem contar, simplesmente, assistir a um livro materializar-se em um leitor eletrônico com o toque de um botão.”
Crônicas do Rei Arthur – O Filho do Dragão
Obra de M. K. Hume
Me apaixonei pelas lendas do Rei Arthur na adolescência, quando li As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley. Eu era adolescente e a magia que jorrava das páginas me conquistou.
A história do Império Britânico não toma grande parte do curriculum escolar brasileiro, muito menos suas lendas. Surpreendentemente as lendas chegam até nós de forma mais eficiente através de livros de ficção histórica e fantasia. O fascínio por aventuras de capa e espada é universal, e que jovem leitor não sonha com um tempo de grandes feitos realizados por personagens nobres, tudo é tão glamoroso e místico.
Eu ainda curto livros de fantasia, mas prefiro meus heróis com uma certa dose de realismo. M. K. Hume nos oferece uma perspicaz nova versão fictícia das lendas do Rei Arthur, inspirada por um entalhe numa pedra encontrada dentro de um túmulo no Mosteiro de Glastonbury, durante um período de conflitos civis da era medieval.
Aqui jaz Arthur, Rei dos Bretões,
E Guinevere, sua segunda esposa.
Artorex é filho adotivo de uma família tradicional romana que vive em uma vila rural nas ilhas britânicas no período logo após a partida das legiões. Tratado com desprezo, ele se torna um adolescente apático e de atitude distante, mas tudo muda quando três homens misteriosos chegam a Quinta Poppinidii. Estes poderosos estranhos exigem que Artorex estude, seja treinado em armas, cavalaria e boas maneiras. Sob os cuidados do velho soldado Targo, Artorex torna-se um jovem hábil e assume a administração da Vila. Os anos seguem, ele se apaixona e casa com Galia, filha de um proeminente comerciante romano, fim.
Ah não, Myrddion Merlinus, conselheiro de Uther Pendragon, o Alto Rei dos bretões, e dois príncipes, não apenas exigiram, mas pagaram pela educação do Artorex. Nós leitores sabemos quem ele é, e o que o aguarda no futuro, mas M. K. Hume criou uma miríade de ricos personagens que ajudam Artorex a transformar-se em Arthur. Não há truques de magia na jornada de Arthur, apenas trabalho duro e personagens inteligentes, mestres da manipulação e da política. Ela descreve rituais terríveis, mas apenas o medo e a superstição transformam-nos em truques mágicos no decorrer do tempo. A criação de M. K. Hume mantém-se longe do estilo fantasioso e nos oferece uma história crível, onde as manobras e maquinações de um grupo brilhante de personagens ajudam a moldar o futuro de uma nação.
O Filho do Dragão engloba os anos de formação de Arthur e sua chegada ao poder. A estória é enriquecida por um sólido grupo de personagens secundários que nos mostram como os poderosos e os humildes coexistiam. Os personagens femininos de M. K. Hume são fortes e tem participação ativa na trama sem desrespeitar as limitações históricas da Idade Média. Seu domínio da história medieval é extraordinário e adiciona realismo a obra. Sem dúvida vou ler mais dessa autora incrível.
A Luz Através da Janela
1998 – Emilie de La Martinières cresceu sozinha; apesar da riqueza ela perdeu o pai a quem adorava aos catorze anos, e foi completamente ignorada pela mãe socialite por toda sua infância e juventude. Quando sua mãe morre e ela herda a casa da família em Paris, o castelo na Provença, e as dívidas acumuladas pelos anos de excesso de sua mãe, Emilie sente-se distante da história de sua família, e planeja desfazer-se de tudo para quitar as dívidas e transformar o restante em renda.
1944 – Quando o marido de Constance Carruthers vai lutar na Segunda Guerra Mundial, poucas semanas após seu casamento, ela decide aceitar uma oferta de emprego no MI-5 (organização britânica de inteligência). Por quatro anos ela vive com medo de receber um telegrama informando que seu marido havia desaparecido em ação. E o maldito telegrama chega. Com sua experiência trabalhando para a inteligência britânica, ela bem sabe que as chances de seu marido ainda estar vivo, estando desaparecido há dois meses, diminuem a cada dia. Desesperançada, ela já não se importa em viver ou morrer. Cheia de coragem, ela aceita uma oferta para trabalhar como espiã para a Seção F, que tem o único propósito de frustrar as operações Nazistas na França, fragilizando o regime de Hitler no país.
Embora as vidas das duas mulheres sejam separadas por décadas, a conexão entre seu pai e Constance ajudará Emilie a encontrar seu caminho, e sentir um profundo orgulho de sua herança.
Depois de uma simpatia inicial por Emilie, que perde sua mãe logo na primeira página do livro, passei a sentir um certo antagonismo enquanto ela permanece num estado de estupor paralisante. Ela conhece o charmoso Sebastian, e permite que este completo estranho assuma o controle de sua vida, ele até passa a tomar decisões financeiras por ela. Será que ele tem boas intenções? A confiança irrestrita de Emilie, e sua total falta de determinação, me exasperam. Eu queria dar um chacoalhão na fofa e gritar: “Fica esperta!”
Connie, por outro lado, me encantou logo de cara. Torci por ela a cada passo do caminho. Após um período de treinamento intensivo com outros espiões na Inglaterra, ela é enviada a Paris para se juntar a uma rede secreta de espionagem, no entanto, a tal rede foi descoberta e ela deve se esconder na casa de Édouard de La Martinières. Seus contatos garantiram que ele é um aliado de sua causa, mas ela chega a sua casa e dá de cara com oficiais nazistas de alto escalão. Quem é este homem? Ela quer se juntar a seus companheiros espiões no campo de ação, porém acaba se tornando o centro das atenções de Falk von Wehndorf, poderoso coronel alemão, responsável pelo desmantelamento de vários esforços dos aliados na França. Contra sua vontade, ela deve ficar sob as ordens de Edouard, e aceitar os avanços abusivos de Falk, para evitar expor os segredos do influente francês.
Ambas narrativas evoluem em paralelo e conforme Emilie faz sentido do misterioso passado de seu pai, ela finalmente toma o controle de sua vida. Ela muda gradualmente sua atitude passiva, e por consequência minha percepção sobre ela. A Luz Através da Janela é o primeiro livro de Riley que leio, e admirei sua capacidade de navegar dois extremos e construir personagens intrigantes.
Meu melhor momento de 2012 perdeu para o pior, de longe.
O ano está chegando ao fim e as listas de “melhores” e “piores” de 2012 dominam os programas de TV e as capas das revistas em todos os países do mundo. Os principais assuntos da semana nos shows de variedades são as retrospectivas, e as resoluções para o novo ano.
O melhor momento do ano para mim foi quando abri a carta de uma editora de Nova York dizendo que tem interesse no meu trabalho. E o pior, que sobrepôs tudo mais, foi quando meu pai foi diagnosticado com uma doença muito grave, que está deteriorando sua qualidade de vida. Tenho esperança que ele consiga o tratamento que precisa, e pelo qual está batalhando junto ao seguro saúde, o quanto antes. Mas a ansiedade anda dominando aqui em casa. É nessas horas que a gente sente o peso de viver tão longe da família.
Neste ano que se encerra, como em muitos outros, a montanha russa dos altos e baixos me manteve em constante estado de alerta.
Desejo a todos que em 2013 os bons momentos superem os difíceis.
Cozinhar para as festas de fim de ano aqui em casa é coisa de família
Uma das tradições de fim de ano que eu mais curto é cozinhar com a minha família. Normalmente, no dia 23 de dezembro passamos horas na cozinha nos preparando para os dois dias seguintes. Antecipamos não apenas as sobremesas, mas tudo que possa ser feito com antecedência.
Hoje assei uma torta de abóbora e minhas filhas fizeram “red velvet whoopie pie”, um doce típico do sul dos Estados Unidos que elas adoram. Também teremos frutas silvestres servidas com uma seleção de queijos, e castanhas. As crianças me pediram para fazer lasanha, “Como a vovó faz,” então eu também preparei o molho vermelho com antecedência. Minha pequena adora frango assado, portanto já tenho um chester marinando em vinho branco, limão e ervas. A cozinha fica uma bagunça geral, mas vale a pena.
Amanhã vamos cozinhar arroz branco, fazer aspargos no vapor, e montar uma bela salada. Vai ser uma festa e o melhor de tudo é o tempo que passamos juntos. A idéia é curtir todo o processo, desde comprar os ingredientes, até o resultado final, uma bela mesa cheia de comidas gostosas que fizemos juntos.
Eu não me chamo mamãe. Ou chamo?
– Mamãe Toribio Gomes!
Clarinha chamou bem perto do meu rosto.
– O que foi que você disse filha?
– Mamãe Toribio Gomes. Eu te chamei um monte de vezes mãe, e você nem respondeu de tão distraída que estava com esse livro. Então eu fiz como você, e deu certo.
– Como eu faço o que filha?
– Quando eu não te escuto e você me chama com todos os meus nomes, ué!
– Mas eu não me chamo mamãe.
– Ai mãe, claro que chama.
Clarinha disse como se explicasse o conceito mais óbvio do mundo, e me abraçou apertado.
– Como você quiser filha.
Os Espiões
Resenha de Flavio Gomes
No livro “Os Espiões”, de Luis Fernando Verissimo, um editor recebe um manuscrito que lhe intriga ao ponto de se tornar uma obsessão. Ele compartilha a história com seus amigos de bar, e pouco a pouco a obsessão se generaliza e um grupo desencontrado de “espiões” se forma e cristaliza seu propósito de liberar o manuscrito – e sua autora – da anonimidade.
“Os Espiões” é mais um clássico Verissimo – intelectual, culto, humorístico, mas com um tipo de humor terno que faz você pensar na condição humana. Como noutros livros seus, tem intelectuais discutindo na mesa de um bar – até aí tudo bem. Mas tem algo nesta estória que foge do padrão: neste livro os intelectuais decidem partir para ação, e tudo pode acontecer. “Intelectuais” e “ação” não costumam aparecer numa mesma sentença, e o autor aproveita a riqueza deste oximoro em todo o seu potencial humorístico, mas como sempre o lado humano prevalece e o melancólico final (oops) traz nos de volta à realidade.
Como sempre, não consegui parar de ler até a última página.
A Descoberta das Bruxas
Diana Bishop encontra o misterioso manuscrito Ashmole 782, e um homem extraordinário, na magnífica Biblioteca Bodleiana de Oxford. Sem dúvida uma promessa de romance e mistério em um cenário fabuloso, mas há muito mais que isso. Diana é descendente das bruxas de Salem, e Matthew Clairmont é um vampiro. No romance de Deborah Harkness, demônios, vampiros, e bruxas fazem parte do nosso mundo, mas não podem se intrometer nos assuntos dos seres humanos, ou ter relações inter-raciais – por falta de um termo melhor.
A vida acadêmica tranquila que Diana trabalhou tão duro para construir desmorona, pois bruxas, demônios, e o próprio Matthew, parecem atraídos não apenas por ela, mas também por sua capacidade de acessar o manuscrito encantado. Os poderes que ela tentou ignorar por toda sua vida explodem sem aviso prévio, mas quando ela deseja usá-los conscientemente, não consegue. E para complicar ainda mais, ela se apaixona pelo vampiro, um amor proibido pela Congregação.
Enquanto fogem da perseguição da Congregação, Diana e Matthew embarcam numa jornada de autodescoberta, e tentam desvendar os mistérios que envolvem Ashmole 782.
Os mistérios da estória me prenderam logo no primeiro capítulo. E com a evolução da trama fui ficando cada vez mais encantada com a habilidade de Deborah Harkness em tecer, tão naturalmente na trama, fatos históricos, referências literárias, e sua paixão por vinhos.
Um Dia Perfeito de Outono
Sabe aquele dia lindo de sol, céu azul e temperatura agradável, assim que não te faz derreter de calor, nem tampouco te faz bater os dentes de frio, sabe? Aquele dia que você sai de casa só de camisa e se sente confortável? Ai você junta a esta sensação boa, uma paisagem bucólica maravilhosa, onde as árvores, ao invés de folhas verdes, tem folhas de cores que variam do amarelinho ao cor de vinho, passando por vários tons de laranja e vermelho. O ar tem cheiro de camélias, e as pessoas saem para caminhar mais sorridentes.
Este é um dia de outono perfeito, daqueles que eu só experimentei quando mudei para Atlanta. Claro que aqui temos problemas como em qualquer lugar do mundo. Mas num dia perfeito de outono, tem-se a impressão de que qualquer desafio pode ser enfrentado, e que a paz mundial é alcançável. Talvez a paz mundial não seja algo que eu vá ver acontecer na minha geração, mas desfrutar de um dia inteiro de paz interior, já é um luxo.