Os Sete Pecados Mortais da Escrita – Painel do ThrillerFest 2012
Me interessei por livros de suspense durante a adolescência, quando descobri Agatha Christie e seu incrível personagem “Poirot”. E entre os vários gêneros que leio, este é sem dúvida um que me prende bastante. Mas além do gênero em si, adicionar suspense a qualquer estória faz bem à trama, e por isso, apesar de não escrever suspense, me vi lendo tudo que encontrei na internet sobre o ThrillerFest 2012.
O ThrillerFest é uma conferência anual de autores, escritores, agentes, e entusiastas do gênero que atrai uma multidão de gente interessante a Nova York todo ano. Em sua sétima edição, a conferencia gerou uma coleção respeitável de artigos em blogs e websites sobre o gênero. E eu gostei muito de um painel com o tema: “Os Sete Pecados Mortais da Escrita”.
1 – Preguiça
Preguiça intelectual é algo que pode pegar qualquer autor, como por exemplo escrever o mesmo tipo de livro, e fazê-lo anualmente. David Hewson, autor britânico de romances policiais, incluindo a famosa série “Nic Costa” declarou: “Penso que devemos lutar contra a preguiça e nos desafiarmos constantemente.” Para escritores ainda não publicados, o exercício diário da escrita é essencial. Não devemos concluir o primeiro rascunho, e encerrar o dia. Eu tenho por hábito reler o que escrevi, e tomar notas do que preciso melhorar no dia seguinte.
2 – Tentar encaixar conceitos demais num manuscrito em detrimento da estória
Suspense é entretenimento, fatos demais podem emperrar a ação, o importante é manter o fluxo da estória interessante, acredita Lisa Gardner, autora de livros de suspense que chegou ao primeiro lugar na lista de bestsellers do New York Times com “The Killing Hour”.
3 – Seguir seu roteiro inicial muito de perto
De acordo com o autor do bestseller “Buried Prey”, John Sandford, enquanto preparar um roteiro para sua estória pode ser muito útil, segui-lo a risca pode fazer seu manuscrito rígido demais. Dê liberdade aos seus personagens e permita-se sair um pouco do plano original.
4 – Negar o ciúme
M. J. Rose, autora de “The Hypnotist” diz “tentar não sentir ciúmes dos trabalhos de outros autores”, quando de fato ela acredita que como escritores devemos nos permitir sentir toda gama possível de emoções. Eu, particularmente, fico encantada ao ver escritores se destacando, e acho que um pouco de competitividade faz muito bem.
5 – Foco exagerado no aspecto comercial
Sandford fala sobre alguns colegas que dedicam grande parte do seu tempo a promover seus livros já publicados, ao invés de escrever mais livros. Compreendo o ponto de vista dele, sem dúvida não se deve ignorar o lado comercial de uma publicação, mas o equilíbrio é essencial. Afinal um autor, é antes de tudo um escritor.
6 – Não ler livros
Ler é imprescindível aos escritores. M. J. Rose cita que 23% dos americanos dizem que gostariam de escrever um livro. Se todos eles lessem pelo menos dez livros por ano, todos nos beneficiaríamos. Escritores lêem.
7 – Imitação
Existe uma grande diferença entre ser influenciado por um livro e imitá-lo. David Hewson diz que tentar descobrir por que certas coisas funcionam e outras não, nos livros que lemos, pode ser uma grande ferramenta de aprendizado, mas devemos ser cuidadosos ao aplicar nossas observações.
Achei todos estes pontos válidos. Não sei se os considero pecados mortais, mas até aí, sou bastante liberal, e acho o conceito pecado mortal um tanto exagerado, coisa de livros de suspense mesmo.
2 Comments
Excelente este artigo Adriana!!! Tirando o item nr.4, pois isso não acontece só com escritores, mas com toda a humanidade em relação ao seu trabalho quando o do “vizinho” está mais próspero, se o escritor quer ser um escritor de alto nível, seja em qual gênero escolher, esses aspectos são fundamentais!!! Quer dizer… opinião do ponto de vista de uma apaixonada por leituras!
Beijos
FabiaJPS
Realmente Fabia, ciúme pode afetar profissionais de qualquer área, mas acho até bom esse comichão, que desperta a vontade de ser melhor no que se faz.
Muito obrigada pelo comentário!
Adriana